POR ATHOSGLS EM
Neste 20 de novembro, o Brasil reflete as desigualdades ainda impostas à população negra – a maioria entre os 210 milhões de brasileiros.
Destes, 67% dos assassinatos foram cometidos contra prostitutas e 64% dos casos aconteceram na rua”.
Em 2018, segundo a Antra, das 163 pessoas trans assassinadas no país, cerca de 82% também eram pretas e pardas.
A entidade diz que a pandemia aprofundou ainda mais as desigualdades existentes, sobretudo, entre as trabalhadoras do sexo negras. “Pois esse grupo representa a maioria dos casos de assassinatos e está diretamente expostas a diversas formas de violência, negação de acesso a direitos e consequentemente da precarização de suas vidas”, diz trecho de relatório.
Os nós se multiplicam entre os casos pela ineficiência do Estado nas investigações para identificar e prender os envolvidos.
Segundo a Antra, estão atrás das grades apenas 7% dos suspeitos dos 121 assassinatos contra pessoas trans no país em 2019.
Não é o caso do criminoso que matou a travesti Rosinha do Beco, 62, cuja morte ganhou as páginas desta Folha em junho do ano passado.
Rosinha era negra e conhecida pelo humor com que encarava as agruras da vida cumprida sob a lona das feiras livres, função que desempenhou até o último dia.
Com status de celebridade em Seabra, cidade da região da Chapada Diamantina, na Bahia, Rosinha gostava de expor a sua rotina em vídeos engraçados publicados nas redes sociais.
Mas toda essa alegria terminou quando ela marcou o que seria um encontro amoroso com um rapaz, de 15 anos, que a matou de forma cruel, segundo a polícia. As circunstâncias do crime ainda não foram esclarecidas.
Rosinha foi morta a pauladas e teve o seu corpo carbonizado após um incêndio provocado supostamente pelo adolescente na casa dela.
No local, a polícia localizou um porrete sujo de sangue. Imagens de circuito interno de TV também captaram o rapaz fugindo do local.
Rosinha entrou para outra estatística: 80% das mortes contra mulheres transgênero no Brasil em 2019 foram cometidas com uso excessivo de violência.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) prevê que existam aproximadamente 20 milhões de gays, 12 milhões de lésbicas e 1 milhão de trans no Brasil. Para a Antra, 1,9% dos brasileiros são trans.
Segundo dossiê do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos, que propõe dissecar a situação dos direitos da população LGBTI negra no Brasil, a inexistência de informações sobre esse público já é “um obstáculo para compreender e intervir na realidade vivida por essas pessoas”.
O mesmo dossiê aponta que os casos de homicídio precisam ser devidamente investigados e caracterizados, devendo-se “implementar protocolos de investigação específicos para violências e assassinatos contra a população LGBTI”.
Outro ponto abordado é em relação às leis. “Que o Congresso Nacional aprove uma legislação específica para a criminalização da LGBTIfobia”. Hoje, todas as normativas desse público foram garantidas em manifestações do Judiciário.
O movimento LGBTI brasileiro, diz o dossiê, tem grandes desafios pela frente em um contexto de grandes retrocessos, em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por diversas vezes, minimizou questões como racismo, machismo e LGBTIfobia.
“Racializar as discussões sobre os direitos humanos no Brasil significa retirar a população negra da invisibilidade e romper com estruturas de dominação que garantem privilégios e distribuem graus diferentes de humanidade.”
Fonte: Folhapress
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