RADIOS HOMO FORA FOBIA

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A TOLERÂNCIA E A NOVA JUVENTUDE SEM PRECONCEITO


Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos.

UMA TURMA COLORIDA


Paulo, William, Marcus, David, Charles, Akira, Jefferson (de pé, da esq. para a dir.); e Harumi e Daniele (sentadas): eles abriram o jogo para os pais ainda na adolescência Longe do estereótipo
"Sempre tive atração por meninas, só que morria de vergonha de me aproximar delas e revelar o que sentia. Precisei de alguns anos para aceitar, eu mesma, a ideia. Foi na internet que consegui arranjar a primeira namorada. Quando a coisa ficou séria e eu quis levá-la a minha casa, contei a meus pais, que, como era esperado, sofreram. Meus amigos também já sabem que sou homossexual. No começo, estranharam. Nunca me enquadrei no estereótipo da menina gay, masculinizada, mas não tenho dúvida quanto à minha opção. O melhor: depois de um processo difícil, isso acabou se tornando natural para mim e para todos à minha volta."
Harumi Nakasone, 20 anos, estudante de artes visuais em Campinas

Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: "Eu sou gay". Não é fácil para quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novidade. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.

Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas (Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homossexualidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), resumiu a VEJA: "O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays do Ocidente: tornou-se natural".

A mãe torce para que ele ache um bom companheiro

"Aos 16 anos, quando contei à minha mãe que preferia os homens às mulheres, ela ficou possuída de raiva. Eu achava que a notícia não causaria tanta comoção. Não havia aberto o jogo sobre minha sexualidade, mas tinha certeza de que minha mãe já desconfiava. Nunca levava garotas em casa nem falava delas. O dia em que contei tudo, no entanto, foi um divisor de águas para nós dois. A relação ficou muito tensa. É interessante como a coisa, depois, vai sendo assimilada. Ela abandonou o sonho de me ver chefe de uma família tradicional e, no lugar disso, passou a sonhar com um bom companheiro para mim. Isso ainda não aconteceu. Hoje, no entanto, minha vida é ótima. Não escondo das pessoas de que mais gosto o que realmente sou."
Gabriel Taverna, 19 anos, estudante de São Paulo

Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado". Ícone desses meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser "difícil de definir o que ela é". São marcas de uma geração que, não há dúvida, é bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: "Nunca fiz o tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta que esteja em paz e feliz com a minha opção".
Não era uma fase


"No início da adolescência, já me sentia atraída por meninas. Aluna de um colégio de freiras, havia crescido ouvindo que o amor entre pessoas do mesmo sexo era algo imperdoável, mas nunca vi a coisa assim. A mim, parecia natural. Aos 14, até tentei namorar um menino. Não funcionou. Um ano depois, quando me apaixonei de verdade por uma garota, resolvi contar a meus pais. Minha mãe repetia: ‘Calma que passa, é uma fase’. A aceitação da ideia é um processo lento, que envolve agressões de todos os lados e decepção. Sei que contrariei o sonho da minha família, de me ver de grinalda e com filhos, mas a melhor coisa que fiz para mim mesma foi ser verdadeira. Por que me sentir uma criminosa por algo que, afinal, diz respeito ao amor?"

Amanda Rodrigues, 18 anos, estudante de artes visuais no Rio de Janeiro
A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.

fotos: mirian fichtner
fonte: Blog athosgls.com.br

ESTADOS UNIDOS ABRE ESPAÇO E EMPREGOS PARA CLASSE LGBT



O PRESIDENTE AMERICANO Obama deverá assinar ordem executiva com a proibição. Ordem impactará 14 milhões de trabalhadores.

Depois de anos de pressão por parte dos grupos de direitos homossexuais, o presidente Barack Obama planeja assinar uma ordem executiva que proíbe os contratantes do governo dos Estados Unidos de discriminar seus empregados por motivos de orientação sexual e identidade de gênero, afirmou a Casa Branca nesta segunda-feira (16).

A ordem que está sendo escrita pela Casa Branca deverá impactar 14 milhões de trabalhadores cujos empregadores ou estados ainda não proíbem discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros em ambiente de trabalho, segundo o Instituto Williams da Universidade da Califórnia.

Com a ordem executiva, “o presidente não apenas cria ambientes de trabalho mais justos pelo país, como também demonstra ao Congresso que adotar proteções a funcionários federais para a comunidade LGBT é uma boa política e é bom para os negócios”, disse Chad Griffin presidente de campanha pelos direitos humanos.

As autoridades não anunciaram quando Obama deve assinar a ordem.

fonte blog: athosgls.com.br

OS RÓTULOS SEXUAIS ESTÃO CHEGANDO AO FIM?


Os G0ys, homens que gostam de outros homens, mas não se consideram gays, colocam à prova as barreiras tradicionais entre os gêneros. A ciência aponta que o comportamento sexual é tão múltiplo que as categorias, como as conhecemos, podem estar acabando




Rita Loiola e Juliana Santos



O Facebook disponibiliza aos usuários 50 alternativas de gênero: andrógino, transexual, pangênero e fluido são algumas denominações (Thinkstock)

Aos 27 anos, o paraense Joseph Campestri, morador de Brasília, descobriu que era g0y (g-zero-y). Ele gosta de outros homens, troca carícias íntimas com eles, mas não se considera gay. Sexo, só com mulheres. Foi em um grupo na rede social Facebook, em 2011, que Campestri descobriu que existiam outras pessoas assim, autointituladas g0ys. O termo surgiu nos Estados Unidos, por volta dos anos 2000 e, dez anos depois, chegou ao Brasil por meio de blogs. Em novembro do ano passado, a página do Facebook "Espaço G0ys e afins" contava com 43 participantes. Hoje, esse grupo é uma das principais comunidades de g0ys por aqui, com 1 994 perfis. Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Belo Horizonte são as cinco capitais que mais concentram g0ys, de acordo com estatísticas dos blogs e redes sociais onde eles se apresentam.

"Os g0ys não se enquadram nos padrões heterossexual, homossexual ou bissexual", diz Campestri, de 30 anos, um dos líderes do movimento no Brasil e o criador de sua bandeira, com faixas em tons de azul. A maior parte dos g0ys se diz hétero e mantêm relacionamentos com mulheres – alguns são até casados. "Os homens com os quais me envolvo na privacidade podem ter qualquer orientação sexual, isto é, podem ser g0ys ou não. Posso me relacionar com todos os homens por quem eu me sinta atraído."

Pessoas como Campestri mostram que as fronteiras entre as orientações sexuais heterossexual, homossexual ou bissexual são, cada vez mais, colocadas à prova. O Facebook adicionou, em fevereiro deste ano, uma opção customizada para os usuários que escolhem o inglês americano como idioma dando a eles 50 alternativas de gênero. A pessoa pode se definir como andrógina, transexual, pangênera, fluida, entre outras denominações. No início de abril, a Suprema Corte da Austrália concedeu a uma pessoa nascida homem, que fez a cirurgia de mudança de sexo, a opção de gênero "não-específica".

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

LGBTQIAPN+ A LUTA CONTINUA O   17 de maio   é o   Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia . Essa data tem como ob...