Parlamentares
ferem leis e atacam comunidade LGBTQIAP+ com projetos feitos para viralizar nas
redes sociais
Segundo
levantamento do GLOBO, há 68 propostas em tramitação no Congresso, estados e
municípios que reproduzem preconceitos e intolerância
Os textos, que
circulam em Brasília, 17 assembleias estaduais e seis câmaras municipais, têm
pouca chance de aprovação e abrem margem para contestação judicial, seja porque
são inconstitucionais ou fogem das atribuições legislativas — há também
afirmações falsas nas justificativas. Mais da metade foi apresentada por
integrantes do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e do Republicanos,
ligado à Igreja Universal.
O tema mais
abordado, com 16 menções, é a tentativa de proibição de banheiros unissex ou
transgênero em espaços públicos e comerciais, que também apareceu no discurso
de Nikolas. A premissa parte de situações hipotéticas de abuso, sem
estatísticas e casos concretos, e miram pessoas trans. Na Assembleia
Legislativa da Bahia, por exemplo, o deputado Pastor Tom (PL) recorreu ao
argumento para justificar uma proposta de lei. “Quem garante que pessoas de má
fé, ou simplesmente confusas com a própria identidade, não possam se aproveitar
de alguns ‘direitos’ como forma de violar a privacidade de meninas e mulheres, se
passando por ‘transgêneros’?”, escreveu.
Na Câmara de
Curitiba, uma proposta do vereador Ezequias Barros (PMB) busca proibir a
instalação e uso comum de banheiros públicos por pessoas de sexos diferentes
nas escolas municipais. O vereador argumenta que “tem se tornado algo comum,
com reclamações frequentes de pais e professores, a tentativa de instituir
princípios da ideologia de gênero nas escolas”. A prefeitura de Curitiba,
porém, afirma que não adota esse modelo de banheiro nos colégios.
Aliado do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Pastor Sargento
Isidório (Avante-BA) trata em uma proposta mulheres trans como “homens
fantasiados de mulher”. A mesma expressão é usada em outro projeto de Isidório,
que se autonomeia “ex-gay”, que estabelece o “direito” de policiais mulheres se
absterem de “realizar abordagem em homens fantasiados de mulher”.
Outro tema que
se tornou uma frente de atuação é a proibição do uso de hormônios e
bloqueadores para transição de gênero em menores de idade. O assunto é
regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece que o
processo hormonal cruzado, em que há uso de testosterona, estrogênio e
antiandrógeno, só poderá ser iniciado a partir dos 16 anos e que os
procedimentos cirúrgicos de adequação só são permitidos aos 18 anos.
Por Luísa Marzullo, Marlen Couto e Thayssa Rios — Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário