RADIOS HOMO FORA FOBIA

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A CARTA DE SOPHIA PARA O PRESIDENTE AMERICANO OBAMA SOBRE OS PAIS GAY


Carta de Sophia:

“Querido Barack Obama, 
Aqui é Sophia Bailey Klugh, sua amiga que te convidou pra jantar. Se você não se lembra, tudo bem. Eu só queria te dizer que estou muito feliz por você concordar que dois homens podem se amar, porque eu tenho dois pais e eles se amam. Mas na escola as crianças acham que isso é nojento e esquisito, e isso realmente machuca meu coração e meus sentimentos. Então venho até você, porque você é meu herói. Se você fosse eu e tivesse dois pais que se amam, e garotos na escola falassem mal de você por causa disso, o que você faria? 
Por favor, responda!
Só queria dizer que você realmente me inspira, e espero que você ganhe e continue sendo presidente. Você faria deste mundo um lugar melhor.
Sua amiga Sophia. 
P.S.: Diga oi pras suas filhas por mim!”  


Carta de Obama:

“Querida Sophia, 
Obrigado por me escrever uma carta tão reflexiva sobre a sua família. Lê-la me deixou orgulhoso de ser seu presidente e mais esperançoso ainda sobre o futuro da nossa nação.
Na América, nenhuma família é igual. Nós celebramos essa diversidade. E reconhecemos que ter dois pais ou uma mãe não importa, o que importa é o amor que manifestamos um pelo outro. Você tem muita sorte em ter dois pais que te amam tanto. Eles têm sorte em ter um filha tão incrível como você.
Nossas diferenças nos unem. Você e eu somos abençoados por viver num país em que nascemos iguais, sem distinção pela nossa aparência externa, onde crescemos, ou quem nossos pais são. Uma regra boa é tratar os outros da mesma forma que desejamos ser tratados. Lembre seus amigos da escola desta regra se eles disserem algo que te machuque.
Mais uma vez, obrigado por abrir mão de seu tempo para me escrever. Sinto-me honrado por ter seu apoio, e inspirado pela sua compaixão. Desculpe por não poder ter ido jantar com você, mas eu certamente direi a Sasha e Malia que você disse oi.
Atenciosamente, Barack Obama.”

NOVO VOCABULÁRIO DE GÍRIAS GAY


 
A cantora americana Stefani Joanne Angelina Germanotta já virou sensação pop, escândalo, símbolo de bizarrice e diva gay. Agora, Lady Gaga também é uma expressão popular. O grito “Uh, Lady Gaga!” não tem significado preciso. É uma interjeição usada para fazer humor. Também é um dos símbolos de um novo vocabulário que saiu do mundo dos gays, das lésbicas e simpatizantes e se disseminou entre os falantes em geral. As gírias se espalharam pela internet, por blogs e redes sociais. A TV também contribuiu, com programas de humor e reality shows. Por esses canais, expressões antes restritas à comunidade gay estão ficando populares entre os héteros. E novas gírias são inventadas. “Dois anos atrás, as pessoas imitavam mais o jeito gay por humor. Hoje estão usando as expressões”, diz Thiago Pereira, de 28 anos, estudante de biblioteconomia, um hétero que convive com amigos gays.
As gírias que se espalham pela internet podem ter sido popularizadas por blogs, redes sociais e também pela televisão. A personagem Katylene, criada por Daniel Carvalho, é uma das responsáveis por disseminar o vocabulário gay na rede. Seu perfil no Twitter tem quase 40 mil seguidores. No blog de Katylene quase todas as palavras são escritas de jeito diferente. Na televisão, três participantes do reality show Big Brother 10 eram gays. Um deles, o maquiador Dicésar, popularizou o “adogo!” (versão de “adoro”). Dois humoristas do programa Pânico na TV!imitam gente como Dicésar. As expressões “aloka” e “Uh, Lady Gaga!” ficaram famosas por causa deles.
O impacto dessas novas expressões na língua portuguesa mudou. Antes, sem a grande força da internet, a maior parte das brincadeiras se limitava à fala. A linguagem popular sempre foi fluida, sujeita a modismos, que podem ser geograficamente localizados e desaparecer com o tempo. A internet mudou isso. As expressões são registradas nos blogs e nas redes sociais. Isso tem duas consequências. A primeira é o registro escrito no jeito de falar. São maneiras diferentes de escrever as palavras, simulando um jeito de falar afetado, entendido como gay. O segundo efeito da internet é dar permanência às novas expressões. Com o registro na rede, há chance de essas palavras virarem mais do que uma moda passageira. Algumas expressões podem se incorporar de forma mais definitiva ao vocabulário geral dos brasileiros. Uh, Lady Gaga!



A Bete Faria: modo de se referir a um homem que cobiça
Abafar: pode ser usado de duas formas: como sinônimo de arrasar (ex.: cheguei linda e abafando) ou para encerrar um assunto indesejado (ex.: abafa o caso)
Abalar: arrasar, fazer algo direito (abalou)
Abilolado: abestalhado, lesado, louco do bem
Agasalhar: ato de envolver um pênis com o ânus ou boca
Ai meu edi: expressão que significa "ai que saco"!
Afofi: cheiro ruim
Ajeum: comida ou despacho
Alibã: policial; polícia; o carro patrulha
Agaraneime: dentes podres
Aleijo: problema
Alice: bicha tola
Almôndega: aglomeração de homens que se juntam para um esfrega-esfrega básico. Começou no começo dos anos 90 nos clubes de SP, mas as barbies ainda fazem
Alôca: finaliza frases que pretendem ser bem humoradas. Ex: Você não é feia, é exótica, alôca!
Amapô ou amapôa: mulher
Apatá: sapato; calçado
Apodrecer: falar mal alguém
Aqüendar: palavra multiuso, dependendo da sua utilização. Ex: Aqüendar um sanduíche (comer), aquendar um bofe (trepar), aquendar a conversa (escutar ou participar)
Aqué: dinheiro (10 aqueres+10 reais)
Armário: enrustido, Sair do armário: se assumir Arrasar: fazer algo bem-feito
Arrasa: vai lá, se joga
Arrombada(o): aquela ou aquele que já fez muito sexo anal
Atacada: louca, nervosa
Atender: fazer sexo com Ativo: O que penetra (gays)/a que toma iniciativa (lésbicas)
Avoa: quando alguém chato ou inconveniente se aproxima e você diz: avoa bicha!

B

Babadeira: bicha ou travesti barraqueira que gosta de dar escândalo
Babado: serve para quase tudo. Sexo, drogas, encontros, comida, música, conversa. Vale também para a célebre pergunta "Qual é o babado?", no sentido de o que está acontecendo?
Badalhoca: pedaços mais ou menos pequenos de fezes que ressecam e ficam presos aos pêlos do ânus
Bagaceira: de baixo nível
Bandeira: dar pinta, mostrar que é gay, desmunhecar
Bandeirosa: aquele que vive dando pinta
Barbie: Gay bastante sarado, com corpo ultra-trabalhado
Barebacking: sexo anal entre homens sem preservativo
Baixar a Vovó: fazer uma boquete
Banheirón: banheiro público onde rola pegação (ver verbete)
Basfond (leia-se báfon): bagunça, confusão, baixaria, bochicho, barra pesada
Bater um bolo: masturbação
Bater bolacha: masturbação entre duas ou mais lésbicas
Baunilha: gay iniciante, sonhador, inocente (sinônimo: Serginho)
Bear: ver Urso
BF: Bicha Fina ou Bolacha Fina: Homossexuais com mais de 30 anos, com dinheiro, chiques e frequentadores de bons ambientes
Bi: redução de bicha
Biba: homossexual masculino ou feminino
Bico (bicudo): sinal externo de quem faz carão
Boa Noite Cinderela: quando você encontra um gostoso, ele lhe dopa e sai com a sua grana
Bocuda: fofoqueira
Bode: cansaço, preguiça. Estar de Bode = estar cansado
Bofe: homem másculo
Bofescândalo: homem gostoso
Bolacha: nome meigo para sapatão
Bombado: quem usa bomba, anabolizantes e suplementos
Bombar: tomar anabolizantes; injetar silicone
Bombadeira: quem inejta silicone industrial (proibido por lei)
Boquete: sexo oral
Bronha: masturbação masculina
Buzum: ônibus

C

Caçação: ato de caçar, de fazer pegação
Caçar: procurar alguém para fazer sexo
Cachorra: pessoa que troca muito de parceiro e transa muito
Cacura: gay idoso
Caixa de surpresas: pênis que quando mole é pequeno mas que cresce sem parar e surpreende no final
Caminhoneira: lésbica bem masculina
Cascaboi: usada por gays mais velhos, designa aquele ser meio carrancudo, chato
Caso: namorado
Carão: fazer carão=fazer pose, esnobar/ ter carão= ser bonito
Caricata: pessoa engraçada, cômica
Charuf: coisa ou pessoa ruim, burra (charufinácia: coletivo de charuf)
Cheque: fezes na ponta do pênis após a penetração anal
Checar: Passar cheque
Chochar: falar mal de alguém ou de algo
Chuchu: sinônimo de barba (expressão usada por drags e travestis)
Chuca: limpeza interna do ânus. Para evitar o cheque, faça a chuca
Close: dar pinta
Coió: agressão homofóbica. Tomar um coió, ser agredido por causa da homossexualidade
Confirmou: designa opinões coincidentes
Cockie: lésbica refinada
Colocada: alguém que abusou de drogas ou álcool
Colocón: sinônimo de álcool, drink ou produtos ilícitos
Cona (ou conam): derivado de maricona, é o gay mais velho
Cunete: o famoso cunnilingus
Cyber-mano: jovem da periferia influenciado pela cultura clubber

D

Dadeira: gay que adora ser passivo e pratica muuuuito
Dar a elza: roubar
Dar close: ficar poucos minutos em algum lugar, dar pinta
Dar o truque: enganar
Dar pinta: mostrar afetação
Débora Kerr: o mesmo que Betty Faria
Desencanado: mais que simpatizante, não está nem aí
Desaquendar: desapegar, desembaçar
Descolado: que não é tímido, expansivo e integrado a algum círculo
Derreter: quando alguém se colocou muito e fica em algum canto esperando a bebedeira passar
Dildo: Vibrador ou outro objeto utilizado para estimular o ânus ou vagina
Do além: pessoa, fato ou lugar estranho, chato, incompreensível
Do bem: pessoa, fato lugar legal, amigo (antônimo: do mal)
Drag Queen: homem que se veste com roupas geralmente associadas ao sexo feminino mas sem esconder que é homem, também associado a maior espalhafato. No original inglês, drag queen é utilizado como o mesmo significado de Travesti (homens que parecem mulheres)
Drag King: versão feminina de Drag Queen, i.e. mulher que se veste de homem
Drama: situação trágica ou tragicômica. Própria das dramáticas. Fazer drama: exagerar no sentimentalismo ao contar/interpretar um fato; dramatizar
Dramática: para Johny Luxo, o mundo se divide em dramáticos e exóticos. Também utilizado como expressão tanto de contentamento como de espanto, alegria, satisfação e tristeza. Pode ser usado como elogio para alguém
Dun-dun: negro ou muito bronzeado
Dyke: o inglês lésbica
Dzarm: versão light de cafona

E

Edi: ânus
Embaçado: difícil; enrolado
Encubado: alguém que não assumiu sua homossexualidade, mas já a pratica
Elza: roubo, dar a Elza: roubar
Entendido/a: gay/lésbica
Equê: falso, do truque, falsificado. ex: Loira do EQ. equezeiro - praticante do EQ
Exótica: pessoa não necessariamente bonita, mas que chama atenção ver Dramática

F

Fake: falso; do truque
Fanchona: caminhoneira
Fashion discontrol: pessoa que se veste de forma bem errada
Fazer: transar com
Fechação: dar pinta de forma escandalosa
Fechar: Fazer sucesso
Ferver: animar, fervido: animado
Flop: tradução direta do inglês, fracasso. Usado também como verbo, flopar
Fist Fuck: penetração da mão/braço
Fofo: pessoa, local ou situação legal
Força no picumã: o mesmo que "vá em frente, coragem"
Frapê: pênis que não endureceu direito, que ficou no meio do caminho
Friendly: o equivalente a simpatizante
Fufa: lésbica
Furiosa: lésbica muito masculina
Futun: cheiro ruim
G

Gay for Pay: Expressão americana que designa homens que preferem mulheres e transam com outros homens apenas por dinheiro (michês ou atores pornô)
Gay Friendly: simpatizante
GDC: Gay de Cabeça, pessoa com comportamento gay, mas com preferência sexual hetero
Gillete: bissexual
GLBT: Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros
GLS: Gays, Lésbicas e simpatizantes. Um comportamento que engloba pessoas de todas as preferências sexuais que frequentam ambientes como casas noturnas e bares gays, são ligadas em moda, cinema e artes
GoGo Boy: homem ou rapaz de corpo bem trabalhado que é pago para dançar mostrando o corpo em discoteca ou bar (tb existem em discotecas hetero)
Gongado: derrubado
Gongar: ato de xoxar algo, de ridicularizar
Gravação: boquete
Gulosa: sexo oral, fazer uma gulosa

H

Homofobia: medo patológico da homossexualidade e dos homossexuais
Hype (leia-se raipe): o que está sendo badalado, a função do momento

I

Irene: gay velho

J

Jaburu: pessoa feia
Jacira: gay bagaceiro e engraçado
Jamanta: aquele que ficou lesado
Jeba: pênis grande, bem-dotado
Jogar o picumã: menosprezar ou ignorar alguém

K

Kassandra: drag queen feia ou mal montada
L

Lady: Lésbica de aspecto feminino
Laleska: pessoa uó
Larica: fome
Lasanha: Rapaz MUITO gostoso! Apetitoso, você sente água na boca só de olhar
Leather: quem gosta da estética SM, usa e pratica
Lesado: quem exagerou na colocação ou está temporariamente burro, distante. Ex.: Grace
Lesada Lesbian Chic: lésbicas executivas, consumistas e finas
Lesbian drama: comportamento característico de lésbicas no término ou crise de relacionamentos (generalização)
Ligar o Pisca Alerta: voltar a si, acordar
Luxuosa: expressão de aprovação para alguém bem produzido, bonito ou hype.

M

Mafiosa: quem faz máfia, que mente e cria situações em proveito próprio
Mágoa de Cabloca: pessoas que já foram famosas um dia, ou os que tentam, mas nunca conseguem
Mala: volume na calça, pênis. No Rio, também significa pessoa chata
Mancha: é o gay super feminino, exagerado, que já passou da "pinta"
Mati: algo pequeno. Ex: neca mati (pênis pequeno)
Matusalém: pessoa velha
Mayumi: gay amiga
Me Deixa!: grito de guerra usado pela popular drag paulistana Alma Smith
Meda: Feminino de Medo. Usado como interjeição para algo que não é agradável
Me erra!: me larga
Melhorada: alguém que era uó e melhorou a personalidade. Alguém feio que deu um truque na feiúra
Meu Cu!: não estou nem aí
Meia-Bomba: pênis que não conseguiu enrijecer completamente; o mesmo que frapê
Michê: garoto de programa
Michely: garoto de programa afeminado
Miguxo: pessoa uó que quer fazer a íntima
Milho: ferveção, fechação, bichisse
Modelão: roupa bonita ou ato de montar-se
Mona: mulher ou alguém muito afeminado
Monaocó: junção de mona com ocó (homem hétero), é o gay bem masculino, que não dá pinta
Mônica: derivado de mona, para designar amigos íntimos
Montação: o processo exagerar nas roupas, para se jogar na noite
Montada: travestida, produzida
Mundinho: maneira como clubbers denominam seu universo de pessoas.

N

Naja: fofoqueira, intrigueira
Não estou achando: não estou entendendo ou suportando (alguém ou alguma situação)
Não estou podendo: não quero, não estou a fim
Não ser obrigado/a: ter algo melhor para fazer
Neca: sinônimo de pênis

O

Ocó: homem com jeito de homem
Olá Querida!: noitada onde você só faz social e não se atém a conversar com ninguém. Também usado como interjeição ao encontrar alguém que você não tem muito a dizer
Operada: Transexual (homem para mulher)
Odara: algo grande... imagine...
Otim: bebida alcóolica, drink
Oxanã (ou Xanã): cigarro.

P

Panqueca: 100% passivo. Bateu na cama, virou
PAM: Sigla para passivo até a morte (nem precisa explicar)
Pão com ovo: gay simples... pobre mesmo
Passada: chocada
Passar cheque: quando escap um pouquinho de cocô no ato sexual anal; passar um talão: quando não é só um pouquinho
Passivo: O que é penetrado (gays)/a que se deixa a outra tomar iniciativa (lésbicas)
Passivona: o mesmo que PAM; pessoa que só faz sexo na posição passiva
Pegação: sexo anônimo, sem compromisso
Pencas: muito. Ex.: comprei pencas de sapatos
Penosa: pessoa que não trabalha, dura
Picumã: peruca, cabelo
Pintosa: óbvia
Pirelli: enchimento feito de espuma que drags ou transformistas usam para dar formas femininas ao corpo
Pivô: dar meia-volta, como as modelos das passarelas
Playbicha: moço playboy mas que é gay
Playgay: circuito de clubes e bares dos playbichas
Pochete: lésbica cafona
Poc Poc: gays novinhos e bem femininos. O 'poc poc' é uma onomatopéia do barulho que os saltinhos dos sapatos desses moços fazem na pista
Podre: pessoa, fato ou local ruim

Q

Quebrar louça: quando duas bichas transam
Quá-quá: bicha mulher
Queen-Size: aquele ou aquela viciado em bem-dotados
Queer: que se refere à cultura e/ou comportamento próprio da comunidade gay
Querida: usado para designar pessoas que gosta ou não, como deboche
R
Racha, rachada: mulher, vagina
Rebuceteio: troca-troca de namoradas entre as lésbicas
Ratoburguer: mau hálito
Rodrigues: situação de alguém casado (ou namorando) cujo/a parceiro/a está viajando
S
Sabão: esfrega-esfrega entre duas pessoas, sem penetração
Sair do closet: assumir publicamente a homosexualidade com estardalhaço
Sáfico: relacionado com lesbianismo. A palavra tem origam na poetisa Safo (séc VII a.c.) que tinha uma escola para mulheres jovens na ilha de Lesbos. Safo escrevia poesia, muita da qual se perdeu nos tempos, acerca das suas amantes femininas, que eram frequentemente estudantes na sua escola. Ela teve uma filha Kleïs com cujo pai pode ou não ter sido casada, havendo algum debate nesta questão
Sandália: a mulher da caminhoneira
Sarado: malhado, marombado, com bom corpo
Sapa, Sapata: curto para sapatão Sapatão: lésbica de aspecto masculino
Sapataria: aglomeração de lésbicas
SBP: expressão carioca que significa "Super Bicha Pobre", e designa pessoas mal produzidas que frequentam a noite
Se Jogar: cair de cabeça, entrar em uma situação ou ir a um lugar sem pensar muito
Simpatizante: pessoa heterossexual ou não definida sexualmente que frequenta ambientes predominantemente gays
Sissi: designa quem "está se sentindo"
Susie: aquele rapaz que malha bastante, tem o corpo legal mas não é grandão, bombado, não é barbie ainda.
T

Tá boa: quando você não acreditar em alguma história, é só dizer: Tá boa?
Tá meu bem: interjeição de espanto popularizada pela drag Dimmy Kieer
Tata: sabe aquela amiga que vive com o amigo gay? Então...
Tia, tiona: bicha velha
Tô Lôca!: expressão utilizada para expressar mau humor acompanhado de álcool ou drogas
Tô Passada: expressão de espanto
Tô bege: equivale a "não acredito, tô pasma, boba, plissada, passada, colocada...."
Tombado: caído, sem graça. Ex.: aquele bar tá tombado. Tá uó.
Tombar: falar mal de algo ou alguém
Transformista: o mesmo que Travesti. O termo "Travesti" costuma ser utilizado mais para prostituição, um Transformista apenas se veste com roupas do gênero oposto para espectáculos
Transsexual: uma pessoa que pensa ou se comporta de forma séria como se tivesse o corpo com o género errado. Muitas vezes (mas nem sempre) sujeita-se a uma operação de mudança de sexo. Os termos pré-operatório e pós-operatório distinguem os Transsexuais que fizeram a cirurgia de mudança de sexo dos que ainda não a realizaram. Um Transsexual Não-operatório é um que, por qualquer razão, não pode ou escolheu não ser operado
Trava: travesti
Travar: tornar-se travesti
Travesti: (em inglês: transvestites) homem que se veste e maquilha ocasionalmente de forma a parecer uma mulher, note-se que ao contrário dos transsexuais um travesti (tb conhecidos por Crossdressers) não se consideram mulheres nem pretendem sê-lo. Muitos transsexuais são heterossexuais, e nunca fazem operações de mudança de sexo
Tricha: gay que já é mais que bicha, que dá muita pinta
Truque: mentira, enganação
Trucosa ou truqueiro: que dá truque
Trucón: o truque em si
Tudo: quando algo for muito bom. Ex. Meu modelo tá bom? E o amigo responde: Tá tudo bi!


U
Urso: Homem peludo, tb associado a homem de aspecto másculo ou gordinho
Uruca: mal-olhado ou fase ruim
Uó: (do bajubá) algo ou alguém ruim, feio, desagradável, desprezível, errado, equivocado
Under: diminutivo de underground
V

Venenosa: pessoa que faz veneno, que fala mal de alguém
Vitaminada: robusta, bonita
Versátil: Homossexual que gosta de ter tanto o papel de ativo como de passivo
Virar: passar da condição de heterossexual para homossexual ou vice-versa
Vuduzar: torcer para que algo dê errado.

X

Xana: sinônimo de vagina. Muitas lésbicas usam a forma carinhosa, Xaninha
Xepa: resto da noite, pessoa feia. Fazer a xepa: aquele diz que você não ficou com ninguém na festa ou clube, mas o mesmo já esvaziou e só sobrou o resto e você insisti.

Z

Zalene: algo duro ou que esteja em processo de endurecimento... se é que me entende
Zoraide: bicha metida a clarividente; esotérica.

fonte: Blog Angel Loiro

DEPUTADO FEDERAL DO RIO JEAN WYLLYS EM MAIS UMA LUTA EM DEFESSA DA CLASSE LGBT


O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu, durante audiência pública na tarde dessa terça-feira, 27, a inconstitucionalidade do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 234/11, do deputado João Campos (PSDB-GO), que suspende a resolução N° 001/99. A resolução estabelece normas de atuação para psicólogos e psicólogas em relação à questão da orientação sexual e impede profissionais da área de exercer qualquer ação que considere a mesma como patologia.
Segundo o deputado, não é competência da Câmara dos Deputados propor um PDC para sustar a resolução do CFP já que, segundo o Art. 49, inc. V da Constituição Federal, o poder legislativo não pode “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. “Como o Conselho não integra o poder executivo – nem mesmo a administração publica federal – fica claro que o PDC não tem legitimidade para sustar a resolução do Conselho”, disse.
O PDC também fere a laicidade do Estado, continuou Wyllys: “O principio da laicidade diz que o estado não tem paixão religiosa e visto que o autor desse PDC é pastor evangélico e responde aos interesses de sua igreja, assim como a dois membros dessa mesa, o estado não pode se dirigir por paixão religiosa e aprovar esse PDC”.
Wyllys reiterou que a resolução não proíbe pessoas com problemas psíquicos de procurar um terapeuta e sim que profissionais de psicologia prometam reorientar sexualmente um paciente. “Se o paciente sofre de algo chamado na psicologia de egodistonia, uma dissintonia do ego com o desejo, o fim do sofrimento tem que vir pela egosintonia, colocar o ego em sintonia com o desejo, e não reforçar a egodistonia por meio de terapias e proselitismos religiosos de todo o tipo”, explica.
O deputado finalizou sua fala dizendo que o PDC, além de inconstitucional, tem um problema ético. “É preciso que a gente se pergunte porquê os homossexuais experimentam – numa cultura heteronormativa construída há três mil anos – um sentimento negativo em relação a si mesmo”, questionou. “Qualquer terapêutica tem que fazer o homossexual passar da vergonha pro orgulho e não reforçar a vergonha mesmo com casamentos e felicidade aparentes  construída e sustentada por um discurso religioso”.
fonte: site do Deputado federal do Rio de Janeiro e do Brasil Jean wyllys

UMA HISTÓRIA REAL O AMOR NÃO ESCOLHE

"Ganhei uma medalha por matar 13 homens na Guerra e fui punido por amar um" - ex-militar norte-americano gay.
ESSE RELATO MOSTRA QUE O AMOR NÃO ESCOLHE A QUEM E EM QUE TEMPO

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Direitos das minorias sexuais, uma luta mundial


No momento em que a França debate o casamento homossexual e a Argentina promulga uma lei autorizando a mudança de sexo, a melhoria nas condições de existência de pessoas lésbicas, gays, bi e trans (LGBT)1 é incontestável. Agora parece distante o tempo em que essas preferências sexuais eram motivo para uma “lei sobre a periculosidade e a reabilitação social” (Ley de Peligrosidad y Rehabilitación Social), como na Espanha, ou eram vigiadas pelo “grupo de controle de homossexuais da delegacia de polícia de Paris” – a primeira foi abolida em 1979, o segundo, em 1981. Mas a evolução é ainda mais contrastante do que parece. As desigualdades e discriminações fundadas na orientação sexual perduram: em dezenas de países, a repressão do Estado e as violências, frequentemente ligadas a fundamentalistas religiosos, condenam as pessoas LGBT à clandestinidade.
No início dos anos 1980, na maioria dos países ocidentais, as reivindicações LGBT focavam as questões de reconhecimento social e legal. No contexto da epidemia nascente da aids, enquanto as mortes se multiplicavam, a falta de direitos dos parceiros de mesmo sexo criava situações dramáticas, posto que o sobrevivente não tinha nenhuma existência jurídica. As primeiras leis tratando dos casais homossexuais foram instauradas na Europa do Norte (Dinamarca, Noruega, Islândia e Suécia) no início dos anos 1990. Essa onda de obtenção de direitos, que é bem ilustrada pelo Pacto Civil de Solidariedade Francês (o Pacs, votado em 1999), procedeu de uma iniciativa – apoiada pelos partidos social-democratas – que unia tolerância e reconhecimento social, e cuja lógica política era em primeiro lugar a da diferenciação: as uniões dos casais de mesmo sexo não davam acesso aos mesmos direitos que o casamento, principalmente no que dizia respeito à paternidade e adoção.2 Mas esses primeiros avanços abriram novos horizontes reivindicativos.
A partir do fim dos anos 1990, os movimentos LGBT se inscreveram majoritariamente em uma perspectiva baseada na noção de igualdade de direitos entre casais homossexuais e heterossexuais. Logo depois da Holanda (2001), os países escandinavos adaptaram progressivamente sua legislação nesse sentido. Espanha (em 2005) e Portugal (em 2006) autorizaram o casamento e a adoção. África do Sul e Canadá (em 2005), depois Argentina (em 2010), votaram por sua vez legislações igualitárias, assim como alguns estados do Brasil (Alagoas), do México (Distrito Federal, Quintana Roo) e dos Estados Unidos (Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire, Nova York, Washington, Washington DC e Maryland). Por fim, em quase vinte países a homofobia constitui um fator agravante para um crime.
Repressão oficial e reprovação social
Analisar esses avanços legais como resultado de uma lenta, mas profunda, evolução das mentalidades revela-se, no entanto, uma leitura errônea. As resistências permanecem fortes; são atestado disso a posição da Igreja Católica francesa ou espanhola sobre o casamento homossexual, ou, nos Estados Unidos, a assinatura, pelo candidato republicano à presidência, Mitt Romney, do Federal Marriage Amendment, que visa limitar o casamento aos casais heterossexuais. E as violências verbais e físicas continuam a marcar o cotidiano de muitas pessoas LGBT.
Além do mais, o reconhecimento de seus direitos está longe de ser conquistado e universal. As relações entre pessoas do mesmo sexo continuam sendo ilegais em 78 países, onde elas podem ser punidas com prisão ou até a morte. E, independentemente da rigidez das legislações, as práticas homossexuais constituem alvos privilegiados pelos regimes políticos e correntes religiosas desejosos de impor uma forma de autoridade “moral”. Muitos países da África e do Oriente Médio se caracterizam pela acentuação, ao longo da última década, de uma homofobia virulenta e por vezes assassina, particularmente dirigida por correntes fundamentalistas do islã. Assim, na Arábia Saudita, no Irã, no Iêmen, na Nigéria, no Sudão, no Afeganistão e na Mauritânia, os atos homossexuais continuam sendo passíveis de pena de morte. Três homens foram decapitados na Arábia Saudita em 2002. No Irã, dois adolescentes foram executados em julho de 2005, e um terceiro, condenado em 2010, deve sua salvação a uma mobilização internacional. No Iraque, mesmo com a homossexualidade legalizada, milícias islamitas armadas massacraram diversas centenas de pessoas desde 2004.3 Mas as outras religiões não ficam atrás. Em Uganda, os pastores evangélicos (principalmente a Igreja Born Again) se indignaram com a “indulgência” de uma legislação que prevê prisão perpétua para qualquer pessoa acusada de ato homossexual: eles militam para substituí-la pela pena de morte.
Nesse contexto, as pessoas LGBT estão condenadas à clandestinidade, com o medo do estigma levando até mesmo suas famílias a reprimi-las ou denunciá-las. As mobilizações locais continuam sendo arriscadas: as intimidações e violências contra os militantes são frequentes, quando estes não são simplesmente assassinados.4 As redes de solidariedade que se desenvolvem via internet continuam sendo frágeis, já que a denúncia e a repressão da homossexualidade estão comumente ligadas a uma desconfiança com relação a valores considerados “ocidentais”. Em Camarões, no início de 2011, foi sob esse pretexto que o governo denunciou a participação financeira da União Europeia em programas de apoio aos direitos das minorias sexuais. Recentemente, em Uganda, diversas ONGs internacionais, acusadas de “recrutar homossexuais” entre os jovens ugandenses, foram proibidas de entrar no país.
Às discriminações legais que atingem os grupos de “sexualidade desprezada”,5 se acrescentam as que se referem à saúde. Os dados sobre infecção pelo vírus HIV deixam clara essa vulnerabilidade específica. Por exemplo, na América Latina e no Caribe, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que: “Mesmo que o prevalecimento do HIV seja inferior a 1% entre a população geral na maioria dos países da região, ele é, por vezes, entre cinco e vinte vezes mais elevado nos homens que têm relações sexuais com homens (HSH).6 A estigmatização e a discriminação associadas à homofobia alimentam a epidemia”.7 Em escala internacional, uma grande maioria de HSH permanece de fora dos programas de prevenção à aids.8 Diante da estigmatização, da violência e das legislações que penalizam a homossexualidade, eles preferem frequentemente renunciar aos cuidados para não correr o risco de que sua sexualidade seja revelada para a família, a comunidade ou denunciada às autoridades. Por isso é muito difícil estabelecer dados precisos da epidemia entre os HSH em muitos países da África do Oeste. Em outros lugares, como na Rússia, a negação do poder público a respeito da epidemia contribui diretamente para o cálculo aproximativo dos números e enfraquece os dispositivos de prevenção e cuidados.
No entanto, mesmo quando existem estruturas de saúde e as pessoas LGBT têm acesso aos serviços, elas enfrentam a ignorância e os preconceitos do corpo médico. Assim, tal profissional não pedirá um teste de HIV sob o pretexto de seu paciente “não parece ser homossexual” ou “ser casado”. Um de seus colegas vai soltar uma “piada” de mau gosto sobre “as bichas”. Outros tentarão se livrar deles, como alguns dentistas fazem com pessoas soropositivas (espera interminável, medidas de segurança ostensivas...). As lésbicas não escapam a essas desigualdades de tratamento. Por causa de discriminações vividas ou antecipadas, a fraca recorrência a exames ginecológicos tem consequências diretas sobre o aumento das infecções sexualmente transmissíveis, como o vírus do papiloma humano (HPV), ou de alguns cânceres. Quanto à transidentidade, ela continua sendo considerada uma doença mental e figura ainda com esse título nos referenciais médicos que representam a autoridade em escala internacional, tais como o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM, Manual diagnóstico e estatístico dos problemas mentais).
No final dos anos 1990, o surgimento nos Estados Unidos de uma mobilização a respeito da “saúde gay” (ou “saúde LGBT”) marcou a renovação de uma reflexão crítica sobre os objetivos dos cuidados médicos.9 Se só diz respeito, por enquanto, a uma fatia limitada da população, majoritariamente masculina, branca, financeiramente estável e urbana, pelo menos, seu mérito foi renovar relações com uma história de ação coletiva e comunitária. Na aurora do feminismo, os movimentos de emancipação gays e lésbicos pós-1968 marcaram o início de novas formas de luta, baseadas na visibilidade e na politização do íntimo, que questionavam o conjunto da esquerda. Nascidos nos Estados Unidos, os grupos de libertação homossexual apareceram em toda a Europa: na Inglaterra, com o Gay Liberation Front (Frente de Libertação Gay); na França, com o Front Homosexuel d’Action Révolucionnaire (FHAR, Frente Homossexual de Ação Revolucionária)10 etc. Ao longo dos anos 1980, assim como outros movimentos sociais, eles progressivamente se transformaram e se institucionalizaram.
A Europa ocidental foi, no entanto, palco de diversas evoluções. Na França, o fim da penalização da homossexualidade, com a chegada da esquerda ao poder, em 1981, contribuiu para o fôlego do movimento. Em outros países, os governos conservadores no poder tomaram medidas anti-homossexuais. No Reino Unido, a Section 28, votada em 1988, proibia, por exemplo, evocar a homossexualidade nas escolas. Nos Estados Unidos, os mandatos de Ronald Reagan (1980-1988) foram marcados por uma reação moral e política particularmente prejudicial à luta contra a aids.
Quarenta anos de militância
Em todo caso, as reivindicações evoluíram, passando da contestação das normas heterossexuais e patriarcais à demanda por direitos e reformas compatíveis com essas normas. De maneira concomitante, a irrupção do HIV/aids pesou muito sobre a reorientação da estruturação dos combates homossexuais. Desde o início dos anos 1980, a luta contra a epidemia constituiu um ponto central de reorganização das lutas gays, em estruturas como Terrence Higgins Trust na Inglaterra (1982), Gay Men Health Crisis (1982) nos Estados Unidos ou Aides (1984) na França. A criação da associação Act Up – em 1987 em Nova York e em 1989 em Paris – simbolizou essa revolta dos doentes saídos da comunidade gay. A evolução da militância homossexual foi acompanhada por uma multiplicação de grupos associativos organizados em torno da luta contra as discriminações e pela convivialidade: clubes esportivos (European Gay and Lesbian Sport Federation) e associações profissionais (como o Sindicato Nacional das Empresas Gays), centros comunitários nas grandes cidades, associações de jovens ou estudantes etc. O indicativo identitário – ser gay ou lésbica – ganhou espaço em uma leitura em termos de opressão sexual.
A internacionalização das lutas constitui uma das evoluções maiores dos movimentos LGBT contemporâneos. Deixemos claro: desde os anos 1970, as circulações militantes e teóricas são numerosas entre ativistas homossexuais. As revoltas de Stonewall, em Nova York, em junho de 1969, se tornaram uma referência mundial para os movimentos de emancipação; as “paradas do orgulho” comemoram, inclusive, a cada ano, esse acontecimento. Mas, ao longo da última década, o apoio às vítimas da homofobia se tornou um tema maior de mobilização, acompanhando o surgimento de movimentos de emancipação em países onde a repressão proibia a afirmação dos LGBT. Essa solidariedade obteve sucessos notáveis perante a homofobia de Estado – como em Senegal, onde a pressão internacional permitiu em 2009 a libertação de militantes da luta contra a aids. Essas campanhas também permitiram tornar visíveis situações de repressão inaceitáveis, como as violências e a repressão às quais são confrontadas as paradas do orgulho em Belgrado ou Moscou, ou ainda denunciar um projeto de lei homofóbica na Ucrânia. Elas também tecem redes de apoio indispensáveis para iniciativas de pedido de asilo e imigração, quando algumas pessoas precisam deixar seu país.
Ao mesmo tempo, a luta contra a homofobia pode ser instrumentalizada politicamente, como atestam as controvérsias recentes sobre o “homonacionalismo”.11 Forjado como um conceito crítico, ele descreve o movimento que, ao longo dos anos 2000, conduziu algumas parcelas do movimento LGBT dos países do Norte a designar os imigrantes, e em primeiro lugar os “muçulmanos”, como a nova figura ameaçadora para os modos de vida gays e lésbicos. As preocupações legítimas com relação às perseguições de certos governos e à homofobia de setores reacionários do islã se misturam aqui a um combate “civilizacional”. Na Holanda, a figura de Pim Fortuyn, homossexual assumido e político de extrema direita assassinado em 2002, resume até o ponto da caricatura essa tendência. A fronteira traçada entre o “progressismo” dos países ocidentais e o “obscurantismo” dos outros desaparece, no entanto, quando sabemos que os primeiros recusam ou restringem o direito de asilo para as pessoas perseguidas devido à sua orientação sexual nos segundos...
A globalização das preocupações quanto à situação das pessoas LGBT é simbolizada pela adoção de uma resolução internacional específica em Yogyakarta (Indonésia) em 2007.12 Elaborada por especialistas em direitos humanos, essa declaração de princípio visa mobilizar as instituições internacionais a fim de obter a proibição das discriminações fundadas na orientação sexual e na identidade de gênero. O texto obteve o apoio de 54 países durante sua apresentação na ONU, no dia 26 de março de 2007. Atualmente estão em andamento procedimentos para tornar possível a adoção pela ONU de uma resolução sobre os “direitos do homem, a orientação sexual e a identidade de gênero”.
No entanto, a situação dos movimentos reivindicativos é caracterizada pela heterogeneidade e a dispersão. No plano institucional, grupos de pressão centrados nos direitos humanos, tais como a International LGBT Association (ILGA), desenvolvem um trabalho de lobby em nível institucional e estatal. Esses grupos constituem uma força considerável para o desenvolvimento de campanhas de solidariedade, mas permanecem cheios de ambiguidades. Na sua perspectiva, a reivindicação de direitos participa na verdade de uma estratégia de reconhecimento identitário que deixa amplamente claros os objetivos de classe, gênero e raça que fraturam as comunidades LGBT.
Diversos fronts
Além do mais, essa identidade continua sendo em grande parte forjada pelas referências e pelo mercado ocidentais. Os filmes, as revistas, os sites e o turismo participam da difusão de ícones identitários e sexuais. No entanto, em muitas regiões, as maneiras de viver sua orientação sexual e seu gênero são mais diversas e mais fluidas. Assim, na Índia, para oshijras, que se identificam como sendo nem homens nem mulheres, a dicotomia homossexual-heterossexual não é pertinente. Da mesma forma, o coming out– a afirmação pública de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero –, prescrito como uma etapa incontornável, esbarra em certas estratégias de emancipação e de resistência elaboradas localmente, em contextos de repressão.
Ao contrário dessa afirmação identitária, as teorias queer desenvolvem há vinte anos uma crítica virulenta à “naturalidade” do sexo e do gênero:13 ao enunciar seu caráter socialmente construído, elas colocam em destaque a diversidade e a fluidez das identidades sexuais. Essas correntes intelectuais são fortemente associadas ao surgimento de movimentos políticos radicais, queer (como Queer Nation nos Estados Unidos e Queer for BDS no campo pelo boicote dos produtos israelenses) ou transbichassapatas (segundo a autodefinição do grupo Panteras Cor de Rosa), a favor de mobilizações altermundialistas. Seus militantes orientam estratégias de convergência de lutas (feministas, antirracistas, anticapitalistas) que lembram os posicionamentos dos militantes dos anos 1970. Eles e elas colocam em causa a institucionalização e a mercantilização das identidades gays e lésbicas. No entanto, suas redes ainda têm uma estrutura frágil. Os Panteras Cor de Rosa se desenvolveram no Québec, na França e em Portugal ao longo dos anos 2000, mas sem necessariamente estabelecer relações duráveis. Reagrupamentos internacionais importantes, como o Queeruption, para o mundo que fala inglês, ou as Universidades de Verão das Homossexualidades, para o mundo que fala francês, sofrem para se manter.
As questões estratégicas que se colocam atualmente dizem respeito às formas de mobilização. No Norte, desde os anos 1970, as militantes lésbicas reivindicaram e construíram grupos autônomos, principalmente em reação à misoginia vivida no seio dos grupos criados com os gays. Essas formas de mobilização, ligadas ao feminismo, constituem uma das características políticas do movimento lésbico, sem impedir alianças estratégicas com associações mistas. Ao longo dos anos 1990, as pessoas trans criaram também grupos auto-organizados, marcando assim a necessidade de uma mobilização específica. No fundo, é a pretensão universalista dos grupos LGBT, dominados pelos homens gays, que está em causa. Estes últimos continuam a ocupar majoritariamente os espaços de representação pública, contribuindo para a invisibilidade dos outros combates.
Por outro lado, a preeminência da luta pelos direitos deixa na sombra uma dimensão fundamental da emancipação das pessoas LGBT: a da igualdade social. Mais frequentemente à margem das solidariedades familiares, os gays, as lésbicas e os trans são particularmente expostos ao corte recorrente dos serviços públicos e de estruturas de solidariedade coletiva. Mas, ao longo dos últimos anos, as realidades vividas se diferenciaram amplamente. No Sul, as consequências da crise econômica agravaram as situações de precariedade e de dependência econômica com relação às redes de apoio tradicionais, freando as premissas de estratégias de emancipação individual e coletiva. Nos países do Norte, para uma fatia urbana e financeiramente estável, a experiência homossexual não é mais acompanhada de maiores discriminações. Para os outros – mulheres, pessoas trans, jovens, pobres e/ou precários –, as situações são mais problemáticas. O acesso aos recursos oferecidos pelo mundo comercial gay e lésbico ainda é difícil e, mais geralmente, a afirmação de si é entravada pelo desemprego, a precariedade e a dependência econômica com relação à família. Então, as convergências de interesse não se situam mais apenas no seio do movimento homossexual clássico. Em diversos países, os Pink Blocks tornam as questões LGBT visíveis durante mobilizações para a defesa de serviços públicos, contra o racismo ou contra o imperialismo, destacando o emaranhamento dos combates. Reagrupamentos se estruturam também nas organizações sindicais por meio de comissões específicas ou ainda com coletivos como Queers Against the Cuts, na Inglaterra. Os efeitos da crise econômica participam desse movimento de divisão política dos mundos LGBT, fragilizando a construção de perspectivas comuns.
Conquistas legais e transformação da ordem social não se opõem. Mas, no cruzamento dessas tensões políticas, é a capacidade dos movimentos LGBT de definir estratégias identitárias inclusivas e alianças com outros movimentos sociais que está em jogo. Os recentes debates sobre o homonacionalismo, mesmo que permaneçam fechados em esferas restritas,14 poderiam permitir abrir novas perspectivas estratégicas e políticas. Em escala histórica, podemos ver um saudável questionamento da hegemonia exercida pelos homens gays brancos vindos de países do Norte nos movimentos homossexuais. A afirmação de outros grupos permite questionar de forma útil os limites dos “interesses comuns” entre as pessoas L, G, B e T, abrindo então um espaço de redefinição das coalizões necessárias. O perigo é evidentemente uma fragmentação crescente e um fechamento identitário que arruinaria as possibilidades de alianças. Conjugando a luta contra a repressão, a conquista de direitos e a vontade de transformar um sistema desigual, as mobilizações no Sul constituem talvez finalmente o ponto de conjunção de novas estratégias políticas.

Gabriel Girard é sociólogo da École des Hautes études en Sciences Sociales e da Universidade Concordia (Canadá)
Daniela Rojas Castro é psicóloga social da Associação francesa Aides e do Grupo de Pesquisa em Psicologia Social (Lyon_II)


fonte: Diário da Liberdade

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