Na semana decisiva da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o
candidato do PSDB, José Serra, acusou ontem o PT, do adversário Fernando
Haddad, de querer vencer a eleição paulistana para minimizar as
condenações de líderes do partido no julgamento do mensalão. O tucano
demonstrou que não pretende abdicar do chamado discurso ético na reta
final da campanha ao afirmar que petistas acabarão na “cadeia”.
Indiretamente, Serra fez alusão ao comentário do ex-ministro José
Dirceu, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção
ativa. Após a condenação, em encontro com correligionários, Dirceu disse
que a vitória de Haddad era mais importante para o PT do que o
julgamento.
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O candidato do PSDB tratou do assunto ao responder sobre as
declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente
Dilma Rousseff, que participaram anteontem de um comício da campanha de
Haddad. “Eles jogam eleitoralmente e na base da mentira. É um partido de
gente que mente o tempo inteiro. Eles atacam, fazem jogo baixo e ao
mesmo tempo dizem que o outro é que está fazendo”, disse Serra.
No comício, Lula comparou as renúncias de Serra a mandatos no
Executivo (ele deixou a Prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do
Estado, do qual saiu em 2010 para tentar a Presidência) à trajetória dos
ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor. Jânio e Collor também
deixaram de terminar mandatos por motivos eleitorais. Dilma afirmou que
Haddad é vítima da mesma “campanha de baixo nível” que ela enfrentou na
disputa contra Serra em 2010.
“É a estratégia petista típica. Eles jogam baixo, muito baixo. Basta
olhar o que eles fazem de ataques, infâmias, isso e aquilo, e acusam o
adversário. É a maneira mais cômoda”, disse o tucano, sem citar nomes.
“É quase uma demonstração de que o crime em relação à verdade compensa.”
Debate. Ao responder a Lula e Dilma abordando o
mensalão, Serra voltou a vincular o debate eleitoral em São Paulo à
questão da ética na política. Ele também disse na última quinta-feira,
no debate da TV Bandeirantes, que
Dirceu era o “guru político” de Haddad. Serra já havia falado sobre o
mensalão no horário eleitoral nos primeiros programas de TV do 2.º
turno.
Nas inserções de propaganda mais curtas ao longo do dia, a ligação da
imagem de Haddad com os réus condenados é feita por locutores do
programa do PSDB.
A nova ofensiva do tucano vai contra o que pregam publicamente
integrantes da campanha. Líderes mais próximos do candidato avaliam que o
julgamento do mensalão já foi explorado com o eleitorado sensível ao
tema e, portanto, talvez não venha a agregar quantidade significativa de
eleitores.
Coordenadores do comitê serrista dizem, no entanto, que é preciso
manter a mesma linha de propaganda e não deixar o mensalão sair da
pauta.
Em caminhadas nos bairros das zonas leste e sul, cabos eleitorais de
Serra começaram a distribuir no fim de semana adesivos com a frase “Diga
não ao mensalão” com tonalidade vermelha ao fundo - a cor usada pelo
PT. O STF deve concluir nesta semana o julgamento.
Revide. No debate da Bandeirantes, Haddad, que lidera as
pesquisas de intenção de voto, propôs a Serra uma trégua na campanha.
Pelo acordo, os candidatos reservariam a última semana para discutir
somente projetos de governo. O tucano acusou o petista de tentar “um
truque para impressionar”. Haddad, porém, não deve seguir o “protocolo
de paz” unilateralmente. Apesar de reiterar que não pretende tomar a
frente nos ataques, o petista reservou espaço em sua propaganda de TV
para revidar. Ele alega não poder ficar sem resposta, porque o eleitor
cobra o revide.
A campanha do PT pode levar ao ar na TV escândalos como o mensalão
mineiro e a investigação por suspeita de enriquecimento ilícito de
Hussain Aref Saab, ex-diretor de Aprovações de construções imobiliárias
nomeado por Serra na Secretaria municipal de Habitação.
Antes da votação em 2.º turno, no domingo, Serra e Haddad terão novos confrontos diretos nos debates do SBT e da TV Globo.
FONTE: estadão.com
FONTE: estadão.com
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