LONDRES, 5 Fev (Reuters) - O Parlamento britânico votou em peso nesta terça-feira pela legalização do casamento homossexual, mas a autoridade do primeiro-ministro David Cameron sobre sua bancada saiu abalada da votação, que dividiu o seu Partido Conservador.
Durante um debate que durou mais de seis horas, muitos parlamentares conservadores disseram que o casamento homossexual é moralmente errado, não é uma prioridade e cria uma divisão desnecessária.
O deputado Gerald Howarth disse ao Parlamento que o governo não tinha legitimidade para impor uma "enorme mudança social e cultural".
"Isso não é uma evolução, é uma revolução", acrescentou outro deputado conservador, Edward Leigh, acrescentando que o casamento é "por sua natureza uma união heterossexual".
Embora o resultado tenha sido favorável a Cameron, muitos analistas consideram que ele precisará agora encarar a profunda insatisfação que permeia seu partido.
Logo antes da votação, o premiê fez uma declaração televisiva argumentando que o casamento homossexual irá fortalecer a sociedade.
"Acredito fortemente no casamento. Ele ajuda as pessoas a se comprometerem mutuamente e acho que é por isso que os gays deveriam ser capazes de se casar também", afirmou.
Mais tarde, ele saudou o resultado da votação como "um passo à frente para o nosso país".
Cameron está buscando um tênue equilíbrio entre seu desejo de mostrar um caráter mais progressista do seu partido e a necessidade de respeitar as opiniões de muitos conservadores insatisfeitos com essa medida.
Em meio a rumores sobre uma possível contestação à liderança de Cameron, muitos parlamentares conservadores dizem que o premiê está sacrificando valores básicos do seu partido no altar do populismo.
"Ele não tem muito capital político sobrando no banco", disse à Reuters, antes da votação, o deputado Stewart Jackson, que era contra o projeto. "Ele precisa oferecer muito em breve algumas autênticas políticas conservadoras."
Recentemente, vários parlamentares conservadores publicaram artigos citando a possibilidade de deporem Cameron da liderança partidária. Analistas dizem, porém, que é muito improvável que isso ocorra antes da próxima eleição geral, em 2015.
(Reportagem de Andrew Osborn)
Reuters
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