DEPUTADO USA DE PALAVRAS PRECONCEITUOSAS
foto: PP-RS.COM.BR
Depois de lembrar que o governo forneceu R$ 150 bilhões em financiamento ao agricultores, ele ressalta:
- Agora eu quero dizer para vocês: o mesmo governo, seu Gilberto Carvalho também é ministro da presidenta Dilma, e é ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta, ali está aninhado e eles têm a direção e o comando do governo - afirmou.
Heinze diz que os fazendeiros não podem ficar de braços cruzados e devem defender suas propriedades.
- Só tem um jeito: façam uma defesa como o Pará está fazendo, como Mato Grosso do Sul está fazendo (...)
Além de Heinze, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) também discursou no encontro e chamou o ministro de Gilberto Carvalho de "chefe da vigarice".
- Por que será que, de uma hora para outra, tem que marcar terra de índios e quilombolas? O chefe desta vigarice orquestrada está na ante-sala da presidência da República e o nome dele é Gilberto Carvalho, é ministro. Ele e seu Paulo Maldos (Secretário nacional de Articulação Social). Por trás desta baderna, desta vigarice, está o Cimi (Conselho Nacional Indigenista), que é uma organização cristã, que de cristã não tem nada: está a serviço da inteligência norte-americana e européia para não permitir a expansão das fronteiras agricolas do Brasil - afirma Moreira.
E continuou:
- Nós os parlamentares não vamos incitar guerra, mas lhes digo: se fazem de guerreiros e não deixa um vigarista deste dar um passo na sua propriedade. Nenhum ! Nenhum ! Usem todo tipo de rede, todo mundo tem telefone, liguem um para o outro, reúnam verdadeiras multidões e expulsem do jeito que for necessário!
Os discursos foram feitos para poucas pessoas, mas o vídeo caiu na internet e, nesta quarta-feira, os telefones do gabinete do deputado Heinze não pararam de tocar. Ele teve de se explicar. Ao GLOBO, o deputado disse que sua afirmação foi apenas "força de expressão".
- Foi ali, na força de expressão. Não quis dizer isso. Nao tenho preconceito nenhum. Tenho gays na minha relação, que vão na minha casa. São amigos. Vou lá, corto o cabelo. Cada um vive como quiser - disse o deputado, afirmando que também não tem nada contra os índios e até ajuda.
Heinze afirmou quese dispôs, inclusive, a ouvir seis caciques do Rio Grande do Sul na Câmara Federal.
O deputado, porém, critica a criação de terras indígenas e do que ele chama de índios que são maus brasileiros.
- Fui em Rondônia, onde os índios tem minas de diamante. Um cinta larga comprou casa no valor de cinco mil bois ! Era um cacique, com carro importado! Os outros índios não vivem assim.
O deputado afirmou que se o governo quer dar terra aos índios, que compre.
- Quero defender eles, mas não que tomem a terra dos outros. Pego a escritura na minha mão, aí chega o governo e diz: é terra índigena. A gente fica P da vida.
Perguntado sobre ter incitado os agricultores contra os indígenas, o deputado respondeu:
- Se eu invadir sua casa não acontece nada? Vou tomar sua casa e voce vai ficar satisfeito? Alguém tem que dar segurança. A culpa é de quem comanda o processo.
Ao ser questionado sobre a posição da Justiça, que julga os processos de criação de terras indígenas após contestação dos atuais ocupantes, o deputado afirmou que cada um pensa de um jeito.
- Qualquer lugar do brasil era terra indigena. Uma escritura não vale mais nada. Imagina 1,2 milhão de hectares lá no Maranhão!!! Não tem mais que mil índios. É um pais rico, tá tudo bem. Não precisa de nada. Fico indignado.
O deputado Alceu Moreira afirmou ao GLOBO que não tem qualquer preconceito e lembrou que não foi o autor da frase, apenas estava no mesmo evento. Ele disse que sua atuação é contra os laudos antropológicos que originam as terras indígenas, que considera fraudulentos.
- Quero deixar claro que não tenho qualquer coisa contra índio. Não tenho preconceito, jamais fiz isso na minha vida. Estou falando de um processo demarcatório fraudulento e comandado por uma estrutura de Estado - afirmou, acrescentando que os laudos antropológicos são feitos por antropólogos contratados pela Funai de forma unilateral, sem participação dos estados e municípios.
Segundo ele, tanto índios quanto quilombolas estão sendo usados por uma "estrutura ideológica", pois as terras não serão deles, mas da União.
O deputado afirmou que os proprietários rurais, quando tomam conhecimento do laudo antropológico, têm 90 dias para contestar, mas precisam pagar do próprio bolso.
- Eles pagam 30 sacos de soja por hectare para fazer sua defesa. Mas o outro lado (os índios), tem o Ministério Público Federal, a Funai e ONGs que defendem em cima de laudos fraudulentos, feitos com base em histórias orais, que não param em pé.
Conflito em Vicente Dutra
Em novembro passado, índios caiacangues e agricultores entraram em confronto em Vicente Dutra depois que um grupo de 50 indígenas invadiu o balneário Águas do Prado. Os índios entraram em confronto com o vigia do estabelecimento, que sofreu ferimentos graves, e ateou fogo a dois escritórios comerciais. Um dia depois, proprietários das cabanas foram ao local armados com pedras e pedaços de pau e os índios abandonaram o local.
Os índios reivindicavam a posse da Terra Indígena Rio dos Índios, de 715 hectares. O local é ocupado por 68 pequenas propriedades rurais, de em média 10 hectares cada, e 168 cabanas no balneário Águas do Prado. Os agricultores e donos de cabana no complexo turístico não serão indenizados pelas terras, apenas pelas benfeitorias de boa fé - finalizadas até a data da publicação da portaria declaratória da área indígena, que foi publicada em 2004.
FONTE: ATHOSGLS.COM.BR
Globo.com
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