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domingo, 22 de novembro de 2020

O EXTREMISMO DE BOLSONARO E A IDIOSSINCRASIA GAY (LGBT)

A figura do Messias (aqui, uma polissemia para além do nome do presidente), que se formou sobretudo dentro dos templos evangélicos e, para esse público aí, como a primeira possibilidade de uma liderança que comungasse dos valores extremistas das denominações que lideram o ranking de maiores igrejas do Brasil, traz, em si, um choque, mediante a todo retrocesso que representa, aos valores mais igualitários pautados nos últimos 14 anos, em nossa sociedade.


Embora carregado do símbolo e declaradamente representante deste retrocesso supramencionado, a comunidade LGBT mitigou a imagem dele, classificando-a como uma representação de bravatas. Bolsonaro jamais (no imaginário LGBT) cumpriria a cabo suas ameaças, seus medievalismos, tudo isso era só um marketing para ganhar as eleições.

A idiossincrasia do comportamento gay é algo que deve ser estudado de forma profunda e determinante. Parece-me assemelhar ao comportamento dos indivíduos esquizofrênicos (em que as identidades não se comunicam). Essa ruptura epistemológica vai para além da identidade pós-moderna e eu explico o porquê.

Na pós-modernidade, há o afastamento das grandes narrativas totalizantes, ela é marcada pela substituição de valores axiomáticos por valores menos fechados e/ou categorizantes. Como explicar à comunidade LGBT, que se funda nos valores da pós-modernidade (a multiplicidade, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia - que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas), que Bolsonaro, com seu extremismo cristão, é a antítese dessa postura?

Aliás, não apenas antítese (que não teria algum mal fazer a crítica em determinados pontos, sendo até um contrapeso), mas a sentença paradigmática, assinada pela igreja evangélica, encarnada por Bolsonaro, que a cultura LGBT tem que ser dizimada. Não parece sensato, aliás, é totalmente insano, é como se houvesse uma chave que liga o comportamento gay para a pegação, sauna, bares, cinemas, teatros, etc. e desliga o comportamento gay para uma moral austera, religiosa, preconceituosa, em que uma realidade não lembra da outra e nem com ela se comunica, tudo associado em um mesmo indivíduo, grupo de indivíduos.

É diferente, por exemplo, do Clodovil, que era assumidamente gay, mas nunca foi adepto à comunidade gay. Aliás, ele era um gay de valores heterossexuais. Aqui, nessa histrionia LGBT, o gay é gay, adepto da comunidade gay, dos valores gays, mas vota em Bolsonaro que carrega o cheque em branco das denominações evangélicas para a destruição dessa cultura gay, ou seja, o LGBT ora é adepto da inclusão de todas as culturas, ora é adepto da dizimação de sua própria cultura.

Basta olhar, no governo do Messias, o que foi feito em prol da comunidade LGBT? Entretanto, está tudo certo, o Grindr continua com seus usuários! O discurso em que ele se elegeu presidente, per si, era para ser rechaçado no meio gay, mas não foi... não é. Não é só a questão de se mitigar, é a questão de não ver problema onde existe problema.

Vive-se uma identidade de imbecis, consagrando a dissociação do estilo de vida X política, do nicho pessoal X do social. No passado recente, gritamos contra a então presidente Dilma que afirmou em seu governo não haveria lobby gay, para agradar os representantes da bancada evangélica e hoje somos a própria Dilma em afirmamos abaixo o lobby gay. PASME, ELEGEMOS BOLSONARO!

Há uma lacuna estrutural na sociedade e ela é de epistemologia identitária. Ou você é gay ou você será destruído pelos evangélicos. Idiossincrasias à parte, há coisas bem mais sérias a se olhar do que retirar o PT do poder.




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