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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CURA GAY O FIM DE TUDO

A DISCUSSÃO EM VOLTA DA CURA GAY

Não vou discutir o absurdo desta proposta, nem a homofobia implícita neste projeto, ou o problema político que representa a presença de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, o que me preocupa é o precedente que a aprovação deste projeto abre na sociedade brasileira, que ao meu ver leva somente para um caminho: uma teocracia cristã nos moldes do Talibã islâmico. A cura gay não é um projeto que legisla sobre a vida das pessoas, ele não se preocupa com o comportamento privado de nossos gays e lésbicas, este projeto pretende legislar sobre a psicologia, sobre as afirmações científicas que esta ciência construiu sobre as relações homoeróticas, sobre o conhecimento que desde o século XIX a ciência da alma produziu sobre este aspecto da psiquê humana.
A psicologia, como ciência, é a maior responsável pela criação da homossexualidade como a conhecemos hoje. Foi ela que diagnosticou o comportamento homoerótico como distinto do comportamento heterossexual e, naquele momento dos anos de 1800, definiu este comportamento sexual como doentio. Contudo, a ciência sempre se projeta para o progresso (quando há liberdade) e, com isso, um século depois, somente no fim do século XX, ela reconheceu que estava enganada e reconheceu que o único sofrimento que a homossexualidade pode trazer para um indivíduo é quando, por causa do preconceito, não consegue assumir o seu próprio desejo, definindo o Transtorno Egodistônico.
No entanto, este progresso é agora impedido do lado de fora da ciência. Um projeto de lei proposto por um grupo ligado a setores religiosos de nossa sociedade pretende, sob a desculpa de manter a liberdade de pensamento, legislar sobre um tema que lhe escapa completamente: uma verdade científica. Não é nada além disso! Os deputados-pastores e devotados católicos querem definir, a força de uma lei, o que uma ciência deve acreditar e defender. E isso é deveras perigoso! Não sei, neste caso, onde estão até agora o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas) e a SBPC (Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência) que não se manifestaram ainda temendo o mesmo que eu. O que impede que este mesmo grupo, a bancada evangélica, lance projetos de lei proibindo o Evolucionismo, a teoria que propõe que os seres vivos evoluíram a partir de criaturas unicelulares até os complexos seres vivos de hoje, na Biologia; ou proibir as pesquisas em Pré-História, já que a Bíblia diz que a Terra tem apenas 5 mil anos e os primeiros registros humanos no Brasil, por exemplo, datam de pelo menos 15 mil anos atrás?
Este projeto abre um precedente, como eu disse, que vai exatamente de encontro a desculpa que eles usam: a liberdade de expressão. Este projeto determina, de fato, que o poder legislativo brasileiro tem o poder de decidir como a ciência pode pensar, como deve agir e o que pode defender. Rouba-lhe, por completo, todo e qualquer liberdade de expressão. Nossas ciências estão agora sobre o mando poderoso dos homens da religião, voltamos a Idade Média. A aprovação deste projeto é a confirmação do controle de nossas mentes pensantes pelos nossos deputados e senadores e é assim que as piores ditaduras começam, inclusive Guerra nas Estrelas.

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