A intolerância pregada por figuras públicas como os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ), Marco Feliciano (PSC-SP) e integrantes da chamada Banca Evangélica do Congresso – que se opõem, por exemplo, à distribuição nas escolas de material didático de combate à homofobia – está custando cada vez mais vidas. Em alta, o preconceito vem alimentando uma escalada da violência contra os homossexuais. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), os assassinatos de homossexuais, travestis e lésbicas em todo o País somaram 260 no ano passado, registrando um crescimento de 31% sobre o total registrado em 2009. Responsável pelo trabalho, o antropólogo Luiz Mott, acredita, no entanto, que o número possa ser maior.
“Esses 260 assassinatos documentados são um número subnotificado, porque não há no Brasil estatísticas oficiais de crimes de ódio. Para os homossexuais, a situação é extremamente preocupante”, assinala o antropólogo Luiz Mott, responsável pelo levantamento. “Há um crescimento da quantidade de assassinatos. Além disso, menos de 10% desses assassinos são presos e sentenciados. Atualmente, a visibilidade dos gays é maior, pois há muitos se assumindo e isso provoca o aumento da intolerância.”
De acordo com o levantamento, realizado desde 1980, as maiores vítimas em 2010 foram os gays, com 54%, seguidos pelos travestis (42%) e lésbicas (4%). O Estado que mais concentrou os homicídios foi a Bahia, com 29 registros. Em seguida, vêm Alagoas, com 24, e São Paulo e Rio de Janeiro, com 23 cada. O estudo é realizado com base em notícias publicadas em jornais e sites.
O Nordeste, segundo o grupo, concentrou 43% dos homicídios contra integrantes das comunidades de lésbicas, gays, bissexuais travestis e transexuais (LGBT). Segundo Mott, o risco de um homossexual ser assassinado no Nordeste é "aproximadamente 80% maior" do que no Sudeste, por causa da intolerância. "O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos", afirma Mott. "O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos."
Segundo o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, o volume de assassinatos contra LGBT vem crescendo anualmente em todo o País sem que a administração pública promova políticas de enfrentamento à violência. "Já recebemos documentação sobre 65 casos ocorridos apenas nos três primeiros meses deste ano", afirma. "É preciso que a homofobia seja punida severamente pela polícia e pela Justiça."
fonte: amambai noticias e Brasil 247